in Expresso, 8 de Junho 2019
Legenda da foto: Priscilla Bengui, João Diogo Pires e Raquel Guerreiro, do ISCTE, assumiram o controlo de uma empresa.
No ISCTE e através do simulador da competição, alunos de mestrado experimentam o papel de líder de uma empresa.
Desenvolvimento da liderança, processos de decisão e negociação é o nome da unidade curricular dos mestrados em gestão de recursos humanos e consultadoria organizacional e de gestão do ISCTE, onde os estudantes através de uma versão mais simplificada do simulador do Global Management Challenge, experimentam o que é ser líder.
Ana Margarida Passos é a responsável pela cadeira e introduziu este exercício prático
no ano passado, sendo que o resultado obtido pelos alunos neste processo conta 30% para a nota final. “Estamos a falar da área da liderança e é muito difícil para estes alunos desenvolverem estas competências apenas por estarem a estudar teorias e modelos e para isto o simulador é fantástico”, explica. A docente conhece a fundo o simulador, já que nos últimos quinze anos, em conjunto com António Caetano, tem estudado o comportamento das equipas no Global Management Challenge.
Equipas aleatórias
O processo de treino nesta unidade curricular começou com uma apresentação da simulação, feita pela SDG e uma decisão experimental. Algumas semanas depois os estudantes foram submetidos a um dia de prova, com cinco tomadas de decisão. Cada um dos cinco elementos destas equipas teve de ser o líder numa tomada de decisão. “Parte da avaliação desta unidade curricular passa pelo resultado do simulador, para levarem isto a sério, mas também pela reflexão que os alunos são capazes de fazer sobre o seu papel enquanto líder, nomeadamente o que resultou, o que não resultou, onde sentiram mais dificuldade e o que poderiam ter feito de diferente”, conta a docente.
Este ano a cadeira contou com 66 alunos. É obrigatória no mestrado em gestão de recursos humanos e consultadoria organizacional, mas optativa para os de gestão. Do primeiro curso estiveram 37 alunos e 29 de gestão, incluindo portugueses e estrangeiros. Funcionou com dois grupos, um em inglês e outro em português, e as equipas foram constituídas de forma aleatória. A equipa de cada grupo que venceu integra a atual edição da competição nacional. Mas qualquer um destes alunos está convidado a participar no Global Management Challenge.
Alunos de dois mestrados que não se conheciam lideraram e geriram uma empresa em conjunto. Nas simulações de gestão, as equipas pensam estratégias e tomam decisões com impacto nas organizações.
João Diogo Pires, Raquel Guerreiro, Priscilla Bengui e Boudewijn Samsom fizeram parte desta experiência prática. No dia da sessão experimental revelaram que para todos era o primeiro contacto que estavam a ter com uma simulação de gestão e esperavam que a etapa seguinte, da prova propriamente dita, viesse a ser mais difícil. “Espero muita diversão, boas discussões e trabalhar os nossos erros”, comentou na primeira etapa Priscilla Bengui, alemã, estudante do mestrado em gestão de recursos humanos e consultadoria organizacional. Já João Diogo Pires, colega de mestrado, dizia que o objetivo era “manterem-se concentrados e tirar a melhor classificação e consequentemente a melhor nota”.
Integrados em diferentes equipas, nenhum destes jovens estudantes venceu esta competição académica, mas levam daqui uma experiência para a vida. A equipa de Raquel Guerreiro, que estuda gestão, ficou em segundo lugar no seu grupo. “Quando nos foi apresentada a competição pensámos uma coisa e depois de termos lido o manual tudo mudou. Definimos uma estratégia e atribuímos departamentos a cada um dos elementos”, revelou após o final do dia de sessão. Na sua equipa, mais do que um modelo de liderança, imperou a comunicação. “Em todas as decisões havia alguém que não concordava, debatíamos e chegávamos a consenso”, explicou. E a diferença de opiniões que faz com que se evolua, foi o que retirou desta iniciativa. Gostava agora de competir a nível nacional, para obter mais conhecimentos, num cenário diferente. E ainda o pode fazer, na segunda edição da primeira volta. Aprender a ouvir os outros E como ser líder não é fácil, Boudewijn Samson, holandês, também estudante de gestão, contou que “apesar do bom trabalho de equipa, na altura em que tive de ser eu a ter a decisão final, senti um peso nos ombros. Aprendi a ouvir os ou outros e a ver o que podem trazer para a mesa, as suas especialidades e como analisar o grupo e ser o mais eficiente possível”. Uma opinião corroborada por Priscilla Bengui. “Houve muita discussão no meu grupo e percebi que se tem de tomar em conta todos os aspetos antes de decidir.”
João Diogo Pires confessou que para si foi interessante trabalhar com pessoas novas, tal como acontece quando se chega de novo a uma empresa. “Já tinha sido capitão de equipa e na altura em que liderei, pensei que era uma empresa a sério. Tínhamos ideias parecidas no grupo, mas de vez em quando alguém se lembrou de um aspeto que mudou toda a estratégia. Foi um verdadeiro trabalho de equipa”, explicou no fim deste exercício.
Para Ana Margarida Passos, na competição nacional os seus alunos saem de um contexto mais controlado para um onde competem com pessoas que já estão no mercado, o que pode ser uma experiência importante para o seu futuro.
Classificação após a 3.ª decisão — 1.ª volta (clique aqui)
A DUAS DECISÕES DO FINAL
Faltam apenas duas semanas para o fim da primeira edição da primeira volta do Global Management Challenge e as equipas lutam para se manterem na liderança dos seus grupos. Com a tomada desta terceira decisão e em relação à passada semana, registaram-se mudanças nas chefias de 13 grupos, sendo que 19 mantiveram a mesma equipa no topo. Muitas destas novas chefias foram conquistadas por equipas que há uma semana estavam em segundo lugar no seu grupo. No que respeita a entidades com formações na liderança, a mais representada é a Caixa Geral de Depósitos, com oito. Segue-se-lhe a Intrum com três. A Fujitsu, EDP, Universidade Católica Porto e a Fidelidade estão representadas cada uma com duas equipas no topo de grupos.
Jornalista/EXPRESSO: Maribela Freitas
Fotógrafo/EXPRESSO: João Cipriano