Maria João Martins aborda o tema do recrutamento, o que as empresas valorizam e como o GMC pode ajudar os candidatos

GMC News: 17 de Novembro 2022

Maria João Martins, reconhecida profissional na área dos recursos humanos, que há mais de 16 anos com a sua MYCHANGE, tem vindo a dedicar-se à gestão da mudança, ao desenvolvimento do talento, formação e desenvolvimento de competências, dá o seu testemunho sobre o Global Management Challenge na ótica de recrutamento. O que procuram os recrutadores das empresas e em que medida o Global Management Challenge pode ajudar os candidatos na procura de um primeiro/novo emprego.

Todos os anos participam cerca de 350 equipas no GMC Portugal, o que em média são cerca 1500 participantes, sendo cerca de 60% são estudantes universitários e os restantes colaboradores de empresas. Na sua opinião, ao participar no GMC, que tipo de aprendizagem poderão esperar os participantes e quais as competências serão mais trabalhadas?

Os participantes aplicam as suas capacidades e experiência prévias de gestão geral, seja em contexto académico ou profissional, incluindo as diversas vertentes da estratégia, marketing, financeira, operacional e de otimização de recursos (humanos e materiais), através de um processo interativo e progressivo de diagnóstico, análise e decisão.

O contexto reflete situações reais concretas, não apenas enquadramento quer doméstico quer internacional, e confronta os participantes com os mesmos desafios e constrangimentos das organizações empresariais que disputam mercados e clientes em ambiente competitivo, face à evolução da envolvente e à dinâmica dos negócios.
Os participantes aprendem muito em equipa, independentemente do rumo e objetivos iniciais estabelecidos, a reagir face às oportunidades e constrangimentos novos que vão surgindo, em busca da melhoria e otimização permanente das suas decisões, face aos meios e recursos disponíveis, que lhe permitam obter o melhor resultado possível.

Na competição, perante as diferentes situações criadas pelo simulador, que incorporam os cenários de partida e a reação que decorre das estratégias e decisões que vão sendo introduzidas pelas equipas, os participantes adquirem novos conhecimentos e competências, incluindo as vertentes da gestão da mudança e da inovação. Consolidam também capacidades nos domínios da gestão da comunicação com stakeholders e reforçam a capacidade de lidar com os fatores de incerteza e risco para gerar mais confiança e maior resiliência.

Ao longo da experiência nesta competição crescem a nível pessoal e de relacionamento interpessoal, mas sobretudo consolidam competências de gestão integrada em equipa.

Os processos de recrutamento têm evoluído muito. As empresas cada vez mais procuram acertar nas contratações para garantir estabilidade e menor rotação de quadros. Que competências são hoje valorizadas pelas empresas? O que procura quem recruta?

Atualmente aparecem novos conceitos a toda a hora e tanto as empresas como os candidatos vão tendo de se adaptar constantemente a novas tendências e realidades. Para além das mais normais e óbvias, há um conjunto de caraterísticas e competências que são cada vez mais importantes.

A capacidade para trabalhar em equipa e gerar inteligência emocional e coletiva, com impacto positivo na inovação, renovação e processos de mudança positiva, para adaptação dinâmica a novos desafios e contextos é muito importante, assim como conseguir gerir recursos e meios finitos ou escassos, em contextos de grande pressão, que implicam atuar com pressupostos permanentes de otimização;

Hoje, as organizações são cada vez mais matriciais e valorizam muito a capacidade de compatibilização das diferentes vertentes da gestão (marketing, comercial, logística, operacional, financeira, pessoas e meios) nos processos de análise e decisão, mas também a capacidade de recolher informação, analisá-la e gerar indicadores e métricas (KPI) úteis para suporte à decisão;

Valoriza-se muito a capacidade de perceção das dinâmicas dos mercados e entorno competitivo, e da avaliação proactiva do impacto estratégico das decisões de curto-prazo nos desempenhos de médio prazo (gestão por cenários) e o entendimento do impacto dos fatores disruptivos da tecnologia e digitalização na construção de estratégias e projetos e processos de negócio orientados ao sucesso.

O envolvimento em processos de gestão empresarial em contextos competitivos, e a disponibilidade para projetos com forte componente de internacionalização é algo muito importante tendo em conta a globalização e a atuação empresarial em mercados internacionais.

E relativamente ao GMC? Este tipo de aprendizagem é valorizada pelas empresas no momento do recrutamento? De que forma a experiência nesta competição é vista por quem recruta? E não falamos apenas de recrutamento externo, mas também interno. A mobilidade dentro das empresas também é fundamental para o crescimento profissional.

Eu penso que sim. Quem recruta deve dar importância á participação neste tipo de atividade, que promove de forma direta e prática o desenvolvimento de competências que são fundamentais para os profissionais modernos. Tanto no recrutamento de recém-licenciados/mestrados em busca do primeiro emprego como para mobilidade na própria empresa.

A base sólida de qualquer empresa de sucesso são as pessoas. Os colaboradores representam uma fonte de conhecimento e ideias, mas muitas vezes esse recurso permanece inexplorado. Envolver os colaboradores no processo de tomada de decisão não apenas os capacita a contribuir para o sucesso de uma organização, mas também economiza tempo e dinheiro da empresa em aumento de produtividade e redução de outsourcing.

A aposta na participação dos colaboradores atuais ou futuros neste tipo de formação, em género de gamification baseada em competições de gestão através de simuladores empresariais, expande muito positivamente o conhecimento sobre o conjunto das suas competências pessoais e profissionais e habilita-os para o desempenho de novas funções, reforça a sua capacidade de análise e decisão e prepara-os para responsabilidades adicionais no futuro das suas carreiras.

A participação no processo de tomada de decisão dá a cada colaborador a oportunidade de expressar suas opiniões e compartilhar seus conhecimentos com outras pessoas. Embora isso melhore o relacionamento nas equipas e hierarquias, também incentiva ao trabalho em equipa entre os colaboradores inter e intra equipas, promovendo comportamentos geradores de um bom clima organizacional com aumento de eficácia e nos níveis de desempenho. Os potenciais recrutadores, devem valorizar muito as performances obtidas com os Jogos de gestão, pois eles são preditores do que no futuro se poderá observar nesses potenciais colaboradores.

Quando são envolvidos em processos de tomada de decisões críticas para os destinos da organização, individualmente e sobretudo em equipa, a sua participação contribui decisivamente para o seu desempenho geral e reforço do seu nível de compromisso (engagement), com efeitos apreciáveis no aumento da sua produtividade. Isso não é apenas benéfico para o crescimento da empresa, mas também é um treino prático para os colaboradores.
A participação na competição permite conhecer muito dos participantes e prever como funcionarão no futuro numa nova função ou ao integrarem a organização.

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