A prova é um bom exercício de gestão

in Expresso, 12 de Junho de 2010

A participação de João Duque no desafio remonta à época em que estava a cumprir o serviço militar

Entusiasta desta iniciativa, o presidente do ISEG recomenda-a aos seus alunos. Foto Tiago Miranda

O Global Management Challenge é para João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), um bom exercício de gestão que recomenda aos seus alunos. Na competição os estudantes podem verificar como se gere uma empresa, testar estratégias e criar relações com os colegas de equipa que ficam para a vida. Foi o que aconteceu com João Duque, quando em 1985 integrou um formação oriunda da Escola Prática de Administração Militar (EPAM).

O presidente do ISEG terminou a sua licenciatura em gestão em 1984. Um ano mais tarde foi incorporado no serviço militar obrigatório. “Entrei para a EPAM para onde iam muitos indivíduos de economia e gestão”, relembra. Um colega de unidade resolveu criar uma equipa para participar na competição — que na altura ainda se chamava Gestão Global — e João Duque quis integrar o desafio. Como estavam integrados na EPAM, estes jovens pretendiam ostentar o nome da instituição na sua equipa. A ideia foi bem recebida pelo comandante da unidade que resolveu arriscar a imagem e o bom nome da escola num conjunto de jovens militares. “Quando ao fim da primeira semana saíram os resultados publicados no Expresso e a nossa equipa estava em quarto ou quinto num grupo de seis formações, fomos chamados pelo comandante”, conta o presidente do ISEG. A conversa foi para revelar aos militares que confiava no seu desempenho e tinha a esperança de que iriam alcançar um bom resultado.

O voto de confiança contribui para o desempenho alcançado. A equipa da EPAM foi subindo a classificação e acabou por se qualificar para a segunda fase. “Foi uma festa e o comandante afirmou que o seu objectivo estava cumprido”, conta João Duque. A fase seguinte foi mais dura e a formação oriunda da tropa não foi tão bem sucedida e falhou a final nacional. Perderam apenas por um cêntimo na cotação da empresa, tendo alcançado o segundo lugar do grupo.

“A participação redundou num louvor pelo desempenho. Na altura fizemos uma coisa desejada pela instituição militar que era aproximar as forças armadas da comunidade”, salienta João Duque. Lembra ainda que para se reunirem e tomarem as decisões, foram dispensados algumas vezes dos deveres militares. “Acabámos por criar um espaço de evasão dentro do quartel”. Enquanto se distraíam com a prova, esqueciam as provações próprias do serviço militar. Da passagem pelo Global Management Challenge não ficou apenas um louvor. Em primeiro lugar e com esta experiência, o presidente do ISEG apercebeu-se de que os licenciados de diferentes escolas de economia e gestão, como era o caso dos elementos da sua equipa, tinham uma formação que se completava. O outro ensinamento foi que um desafio de gestão é um exercício que cria equipas que por vezes, como no seu caso, se mantêm ao longo da vida. “Ainda me encontro regularmente com os colegas de equipa e muitos outros que estiveram comigo na EPAM”, conta.

Professor universitário há mais de vinte anos, o presidente do ISEG incentiva os seus alunos a participarem no Global Management Challenge. Não tem dúvidas de que os estudantes do ISEG são competentes para integrar a iniciativa. Além do mais “é um exercício onde se encontram todas as componentes da decisão de gestão, desde a motivação de pessoas, até à gestão de stock, área financeira, investimento em inovação, etc.”, acrescenta. Pela primeira vez os alunos têm de pensar em todas as variáveis e podem testar estratégias. Como é uma simulação, se as escolhas forem erradas e a organização for à falência, não há uma consequência real do facto. Como algumas empresas apoiam a inscrição de equipas como forma de recrutar talentos, a participação é para muitos jovens uma porta de entrada no mercado de trabalho.

“Todas as universidades encaram o Global Management Challenge como um bom exercício prático e não é só um efeito-rebanho, é porque os dirigentes das escolas reconhecem o seu mérito, senão não o apoiavam”, afirma João Duque.

Com 30 anos de existência e presente em mais de 30 países, esta competição organizada pelo Expresso e a SDG é para o presidente do ISEG um produto de sucesso. “O Global Management Challenge interessa ao lado da procura e tem sabido responder ao que dele se espera”, finaliza João Duque.

FIM DA PRIMEIRA VOLTA

A quinta decisão foi tomada e são agora conhecidas as 108 equipas que atingiram a liderança dos seus grupos na competição AeBe que, por essa mesma razão, passaram à segunda fase do Global Management Challenge 2010, agendada para Setembro. Como se pode ver na tabela publicada nesta página e, em relação à passada semana, estão 38 novas equipas no topo dos grupos. Este resultado comprova que estas formações apostaram tudo na última decisão e conseguiram qualificar-se para a próxima etapa do desafio. Na fase seguinte vão estar a competir 43 equipas de estudantes, 40 de quadros, 13 alumnie 12 mistas — formadas por quadros e estudantes. Em relação às empresas com maior presença no topo dos grupos há a salientar a Portugal Telecom com 12 equipas. Os CTT atingiram oito lideranças e a EDP sete. A Heidrick&Strugles, a Intrum Justitia e a Singular International contam cada uma com quatro formações no topo. O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento e a Zon atingiram três lideranças cada.

O papel do líder numa empresa

Miguel Ferreira é administrador do grupo Reditus e explica como se deve actuar na chefia de uma organização

A primeira volta do Global Management Challenge 2010 já terminou. Das 756 equipas que competiram, apenas 108 passaram à segunda fase. Miguel Ferreira, administrador do Grupo Reditus e antigo participante nesta prova, deixa às equipas que continuam na competição conselhos de como deve um gestor actuar para garantir o sucesso da organização que lidera.

Na perspectiva de Miguel Ferreira, o administrador de uma empresa deve ter uma “liderança pró-activa e preocupar-se com os temas estratégicos da organização”. Deve ainda garantir a sustentabilidade da actividade, sem deixar de lado a projecção para novos desafios. A batalha da gestão também se vence no dia-a-dia. Assim, e nesta perspectiva, o administrador “tem de assegurar que todas as áreas da empresa estão operacionais, supervisionando com perspectiva de liderança e espírito de equipa”, acrescenta Miguel Ferreira. Para que áreas estratégicas tenham bom rendimento, o líder terá de criar equipas que ponham a máquina a funcionar e será ele a coordenar.

Para Miguel Ferreira as formações aprendem na competição como é duro gerir uma empresa. Da sua experiência neste desafio, onde participou no início dos anos noventa, comenta que “as equipas não devem pensar só na jogada seguinte. O simulador reproduz o mercado e as decisões devem ser projectadas para o futuro. Tenho observado que quem vence a competição tem por norma uma estratégia sustentada para chegar a um objectivo, o que implica por vezes sacrifícios — e isso é algo que se passa também na vida das empresas”.

O Grupo Reditus está pela primeira vez nesta edição a apoiar formações de estudantes no Global Management Challenge. Poderá vir também no futuro a apoiar equipas de quadros. “A competição tem contribuído para a formação e valorização de estudantes e quadros, tendo descoberto alguns talentos que actualmente trabalham em empresas nacionais e estrangeiras”, refere Miguel Ferreira.

O envolvimento da Reditus na prova surge da vontade de contribuir para elevar o grau de conhecimento dos estudantes relativamente ao que é a vida empresarial. “Apesar de ser uma simulação, a prova representa bem a complexidade das decisões que têm de ser tomadas no dia-a-dia e o seu impacto na performance e sustentabilidade futura”, explica o administrador do Grupo Reditus.

A pressão dos prazos nas decisões a tomar em cada jogada assemelha-se ainda muito à pressão que existe nas organizações para se tomarem decisões importantes com base em variáveis que, por vezes, mudam muito rapidamente. “A existência de uma estratégia sólida é fundamental para ter sucesso”, finaliza Miguel Ferreira.

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